Por que a boca seca causa mais danos do que você imagina?

Se você é brasileiro, as chances são grandes de que, em algum momento, já tenha recorrido à famosa “farmacinha” de casa para aliviar uma dor de cabeça ou um mal-estar. Pois bem, o Jornal da USP aponta que a automedicação é um hábito comum de 90% dos brasileiros. No melhor dos cenários, você até lê a bula. Contudo, entre os efeitos colaterais mais drásticos, se esconde a xerostomia ou boca seca. Pois bem, o que parecia ser apenas uma leve secura após ingerir um remédio pode ser nocivo para sua saúde bucal.

Curiosamente, estamos falando de um sintoma tão prevalente que se estima que mais de 400 tipos de medicamentos vendidos sob prescrição e muitos outros de venda livre (como anti-histamínicos, antidepressivos e anti-hipertensivos) têm a boca seca – ou, em termos técnicos, xerostomia – como um efeito adverso. Pensando nisso, vamos falar por que essa condição, tão negligenciada, merece sua atenção e qual o seu verdadeiro impacto no sorriso.

O que é xerostomia e qual a importância vital da saliva?

A xerostomia não é apenas a sensação passageira de sede. Ela é uma condição clínica caracterizada pelo ressecamento da boca provocado pela diminuição ou ausência do fluxo salivar (hipossalivação).

A saliva é muito mais do que água. Para o Dr. Frederico Coelho, Mestre e Doutor em Implantodontia e fundador do Crool Centro Odontológico, a saliva é a “defesa natural mais importante da boca”.

“A saliva é a guardiã do equilíbrio bucal. Ela neutraliza os ácidos que causam cáries, remineraliza o esmalte, limpa os restos de comida e tem enzimas que iniciam a digestão. Quando esse fluxo diminui, perdemos a nossa linha de frente contra as bactérias.” – Dr. Frederico Coelho.

As funções cruciais da saliva:

• Proteção e limpeza: Ela atua como um “detergente” natural, removendo partículas de alimentos e microrganismos.
• Neutralização de ácidos: Contém bicarbonato e fosfato, que neutralizam os ácidos produzidos pelas bactérias da placa, ajudando a manter o pH bucal equilibrado.
• Remineralização: Leva cálcio e fosfato aos dentes, ajudando a reparar pequenos danos no esmalte antes que se tornem cáries.
• Lubrificação: Facilita a fala, a mastigação e a deglutição, além de proteger a mucosa de irritações.
• Antimicrobiana: Possui anticorpos e enzimas (como a lisozima) que combatem bactérias e fungos.

O perigo da boca seca: Por que os riscos são maiores?

O efeito colateral da boca seca é um portal aberto para problemas bucais graves. A literatura odontológica é categórica ao associar a xerostomia a um risco elevado de deterioração dentária.

De acordo com o Journal of the Canadian Dental Association, pacientes com xerostomia resultante de diversas causas, incluindo medicamentos, apresentam maior risco de desenvolver cáries devido à perda de saliva e seus benefícios.

Xerostomia e os riscos que você não pode ignorar

1. Aumento exponencial do risco de cáries

Sem a neutralização e a remineralização que a saliva oferece, os dentes ficam expostos à agressão ácida constante. O risco não é apenas de cáries superficiais, o tipo de lesão pode ser rápido e agressivo, progredindo rapidamente para a polpa e causando dor intensa e, muitas vezes, a perda do dente.

2. Doença periodontal (gengivite e periodontite)

A falta de umidade na boca pode levar à inflamação e ressecamento dos tecidos gengivais, aumentando a proliferação bacteriana. Isso eleva o risco de gengivite (inflamação da gengiva) e, em estágios avançados, periodontite, que pode causar a perda do osso de suporte e, consequentemente, dos dentes.

3. Infecções oportunistas (candidíase oral)

Além disso, a saliva possui um papel antifúngico. Quando ela falha, fungos como a Candida albicans (responsável pelo sapinho ou candidíase oral) encontram um ambiente ideal para se proliferar, causando lesões brancas e ardência.

4. Mau hálito (halitose crônica)

Assim como mencionado pelo Dr. Frederico, a saliva atua como um detergente natural. Dessa forma, a ausência de saliva para limpar as células mortas e restos alimentares permite que as bactérias anaeróbicas se acumulem e liberem gases sulfurosos voláteis, resultando em um mau hálito persistente e constrangedor.

5. Dificuldade de mastigação e deglutição

A xerostomia severa pode tornar a alimentação dolorosa e a deglutição (ato de engolir) difícil, afetando a nutrição e a qualidade de vida.

Do dry scooping à caneta mágica: A recorrência da boca seca

A xerostomia não é novidade em nossas pautas. Recentemente, a popularidade de certas substâncias e hábitos tem trazido o tema de volta aos holofotes, mostrando a diversidade de agentes que podem causar o ressecamento bucal:

• Dry scooping de creatina: O hábito de ingerir a creatina em pó, sem diluir, tem sido relacionado a um ressecamento agudo da boca, pela própria natureza higroscópica (que absorve água) da substância e pela desidratação inerente ao uso incorreto de suplementos.
• Canetas emagrecedoras (inibidores de apetite): Certos medicamentos usados para controle de peso, que agem no sistema nervoso ou digestivo, têm a boca seca como um efeito colateral comum e conhecido, exigindo um cuidado redobrado com a saúde bucal durante o tratamento.

Esses exemplos reforçam a tese do Dr. Frederico: toda substância ou hábito que interfere na hidratação ou no sistema salivar precisa de acompanhamento odontológico profilático.

Gerenciando a xerostomia induzida por medicamentos

A xerostomia, quando causada por um medicamento essencial, não significa que você deve interromper o tratamento. O caminho é a gestão e a prevenção. No Crool Centro Odontológico, reconhecemos a complexidade da relação entre a saúde sistêmica e a saúde bucal. Nossos profissionais são treinados para identificar a causa da xerostomia e propor um plano de tratamento multidisciplinar e preventivo.

Como aliar o uso de remédios com a saúde bucal:

Dialogar com o prescritor

• Avaliação de alternativas: O primeiro passo, sempre com a orientação do médico prescritor, é avaliar a possibilidade de redução da dose ou a substituição do medicamento por um análogo que não apresente a xerostomia como efeito colateral. Nunca interrompa o uso de um medicamento sem aconselhamento profissional.
• Informação e conscientização: Informe seu dentista sobre todos os medicamentos que você usa. Para o Dr. Frederico Coelho, essa informação é vital: “O prontuário do paciente no Crool é completo. Saber sobre a medicação é fundamental para que possamos ajustar a profilaxia e recomendar produtos específicos para gerenciar o risco de cárie.”

Dicas essenciais para combater a boca seca no dia a dia

• Beba água constantemente: Mantenha a boca úmida com pequenos e frequentes goles de água.
• Use estimulantes salivares: Masque chicletes ou chupe balas sem açúcar (xilitol ou eritritol) para estimular naturalmente o fluxo de saliva.
• Opte por saliva artificial/substitutos salivares: Existem géis, sprays e enxaguantes específicos que mimetizam a saliva e proporcionam alívio e lubrificação.
• Aposte no flúor profissional: Use cremes dentais com alta concentração de flúor (sob recomendação do dentista) e realize aplicações profissionais de flúor no consultório.
• Evite desidratantes: Diminua o consumo de álcool, cafeína e alimentos muito secos ou salgados.

O cuidado com a sua boca já tem endereço

Em suma, o perigo da xerostomia está no seu poder de ser um catalisador de doenças bucais graves. Dessa forma, o que começa com um pequeno desconforto pode evoluir para cáries extensas, infecções e perda dentária.

Por isso, no Crool Centro Odontológico, estamos comprometidos em oferecer uma avaliação completa da saúde bucal e uma profilaxia profissional de ponta, afinal, essa é a melhor forma de neutralizar os riscos advindos da boca seca. A sua saúde começa na boca e merece o cuidado de especialistas. Cuidado odontológico? Crool, é lógico. Clique aqui e agende sua avaliação.

Fontes: Jornal da USP, Journal of the American Dental Association e Journal of the Canadian Dental Association.