Como as bactérias na sua boca te ajudam a viver mais e melhor

Uma boca higienizada é diferente de uma boca esterilizada. Você sabe o motivo? Pois bem, vamos falar sobre. Cientistas de todo o mundo, e agora a odontologia moderna, estão virando a chave de uma vez por todas: um dos segredos para viver mais e melhor está em fazer “amizade” com as trilhões de bactérias que vivem em você. Especialmente as mais 700 espécies que residem na sua boca.

Além disso, como sempre frisamos por aqui, o que acontece na sua boca não fica só nela. Está cientificamente provado que o desequilíbrio microscópico da sua microbiota oral é um gatilho para doenças crônicas que ligamos ao envelhecimento, como Alzheimer, problemas cardiovasculares e até diabetes. Inclusive, a sua escova de dentes pode ser, na verdade, uma ferramenta muito mais poderosa para a sua longevidade do que você imagina.

Eubiose: O segredo do equilíbrio bucal

Embora o termo pareça complicado, estamos falando do coração da sua saúde. Eubiose é o estado de equilíbrio em que a vasta comunidade de mais de 700 espécies de bactérias na sua boca coexiste de forma harmoniosa. É uma paz armada e produtiva: as bactérias “do bem” dominam, mantendo as patogênicas (as que causam doenças) sob controle, impedindo-as de criar o caos.

Segundo a literatura, se o sulco gengival (aquele espaço estreito entre o dente e a gengiva) não for limpo adequadamente, um biofilme de bactérias nocivas pode se formar, desencadeando a periodontite, aquela inflamação gengival que faz sangrar.

“A periodontite não é só um problema local. Quando as bactérias patogênicas colonizam e inflamam a gengiva, elas abrem uma ‘porta de entrada’ para a circulação sanguínea. É como acionar um alarme inflamatório em todo o corpo, que pode viajar para órgãos distantes. Manter a eubiose é a nossa primeira e mais importante linha de defesa sistêmica,” explica Dr. Frederico Coelho, fundador do CROOL Centro Odontológico, Mestre e Doutor em Implantodontia.

Quando esse equilíbrio se rompe, entramos em um estado chamado disbiose. E é aqui que a confusão começa, não apenas na boca, mas em todo o seu corpo.

A importância da saliva no ecossistema do seu sorriso

Se a boca é um universo, a saliva é o seu ecossistema. Ao passo que produzimos, em média, de 0,5 a 1,5 litros por dia, cada gota tem um impacto invisível, mas crucial. Saliva não é só água, é um coquetel complexo de enzimas, minerais (cálcio e fosfato) e proteínas antimicrobianas (como imunoglobulinas e lisozima).

Acima de tudo, a saliva é o seu principal escudo contra a disbiose, atuando em funções cruciais:

1. Função tampão (neutralizador de pH): Ela neutraliza rapidamente os ácidos produzidos pelas bactérias que causam cáries, protegendo o esmalte. É como um antiácido natural.
2. Limpeza e defesa: Seu fluxo constante remove restos de comida e microrganismos. As proteínas de defesa (anticorpos) atuam como uma patrulha, inibindo o crescimento de agentes nocivos.
3. Remineralização: Ela é supersaturada em cálcio e fosfato, essenciais para reparar microlesões no esmalte dental antes que virem cáries.

Dessa forma, quando a produção de saliva cai, o pH desequilibra, o poder de limpeza diminui e a balança pende para a disbiose. É o ambiente perfeito para que as bactérias oportunistas proliferem.

Microbiota oral e sua relação com a longevidade

A boca é a porta de entrada para o sistema digestivo e o primeiro ponto de contato com o sistema imunológico. Portanto, uma eubiose oral robusta tem um papel fundamental:

1. O eixo boca-intestino-imunidade

O microbioma oral é o segundo maior do corpo, logo atrás do intestinal. As bactérias bucais, e seus metabólitos (substâncias que elas produzem), não ficam paradas. Elas são deglutidas e interagem diretamente com a microbiota intestinal, influenciando o famoso eixo microbiota oral-intestinal.

O desequilíbrio na boca pode levar a um desequilíbrio no intestino (disbiose intestinal). Como 70% a 80% das células imunes estão no intestino, essa cascata de desequilíbrio pode levar a respostas imunológicas inadequadas e inflamação sistêmica. A boca, portanto, é um portal de modulação imunológica.

2. Disbiose oral, inflamação e doenças crônicas

A disbiose, especialmente quando evolui para periodontite, lança um fluxo contínuo de bactérias patogênicas e toxinas na corrente sanguínea. Isso causa inflamação de baixo grau e persistente em todo o corpo, que é a raiz de muitas doenças ligadas ao envelhecimento.

• Doenças cardiovasculares: Patógenos periodontais, como a Porphyromonas gingivalis, podem penetrar na corrente sanguínea e contribuir para a formação de placas de gordura nas artérias (aterosclerose), aumentando o risco de infartos e AVCs.
• Diabetes: Existe uma relação bidirecional. A periodontite piora o controle glicêmico (aumentando a HbA1c), e o diabetes descontrolado agrava a periodontite. O tratamento da periodontite, por sua vez, pode levar a melhorias clinicamente significativas no controle do açúcar no sangue.
• Doenças neurodegenerativas: Estudos recentes sugerem que patógenos orais podem estar envolvidos na progressão da Doença de Alzheimer, atingindo o sistema nervoso central e promovendo inflamação neural. A boca é o novo alvo na prevenção dessas condições.

3. Eubiose e a qualidade do sono

Você já notou que acorda com a boca seca ou com um gosto estranho? A noite é um período crítico para a sua eubiose. Durante o sono, a produção de saliva cai drasticamente. Se a higiene bucal for negligenciada, a disbiose pode se agravar rapidamente nesse período de baixa defesa, levando a um risco maior de cáries noturnas e gengivite.

Embora a relação direta da disbiose oral com o sono ainda seja um campo de pesquisa em expansão, a disbiose intestinal, que está ligada à oral, influencia a produção de neurotransmissores como a serotonina, cruciais para a regulação do sono. O que está desequilibrado em um lugar, afeta a harmonia do outro, incluindo seu descanso.

Sua boca está gritando por ajuda?

O conceito de que cuidar da boca é apenas estética é um pensamento ultrapassado. A odontologia é um pilar da longevidade e do bem-estar geral. Não espere a dor chegar. Sua boca envia sinais claros de que a eubiose está em risco e que o biofilme patogênico está agindo:

• Sangramento gengival: O sinal mais claro. Se a gengiva sangra ao escovar ou passar o fio dental, é inflamação, é sinal de disbiose. Não é normal e requer atenção imediata.
• Mau hálito persistente (halitose): Embora existam outras causas, o mau hálito crônico é frequentemente um subproduto da disbiose e da proliferação bacteriana nociva no sulco gengival e na língua.
• Vermelhidão ou inchaço da gengiva: Um sinal físico da resposta inflamatória à agressão bacteriana.

Então, se você notar um desses sinais, não postergue. Você não está apenas tratando um sangramento, está protegendo seu coração, seu cérebro e seu futuro.

Hábitos simples para equilibrar as bactérias na sua boca

Assim como mencionamos logo no começo desse artigo, a manutenção da eubiose é um ato de equilíbrio, não de esterilização. Dessa forma, a meta é criar um ambiente que favoreça as mais de 700 espécies benéficas e iniba as nocivas, sempre focando em potencializar o papel da sua saliva.

A rotina noturna de “check-up da longevidade”

O período antes de dormir é o mais importante. A baixa salivação noturna exige uma limpeza profunda para garantir um “ambiente alcalino” (menos ácido e menos propício à cárie e gengivite) e um sono reparador:

1. Limpeza profunda: Escovação de 2 minutos e, crucialmente, o uso do fio dental com a técnica correta em 1 minuto. Isso desestrutura o biofilme bacteriano subgengival, que é o grande vilão.
2. Linguagem da saliva: Evite o uso de enxaguantes bucais com álcool diariamente. O álcool resseca a mucosa, inibindo a produção de saliva e agredindo o microbioma. Eles devem ser usados apenas sob orientação profissional. O Dr. Frederico, reforça: “A prioridade é o equilíbrio. Enxaguantes agressivos matam indiscriminadamente e quebram a defesa natural da saliva, acelerando a disbiose. Você não quer um deserto na boca, quer um jardim em equilíbrio.”
3. Hidratação noturna: Beba um copo de água antes de deitar. A hidratação sistêmica é o motor da produção salivar.

Probióticos naturais para o sorriso

Assim como falamos na dieta do sorriso saudável, alimentos fermentados ajudam a semear e nutrir as bactérias benéficas:

• Iogurte natural e kefir: Ricos em Lactobacillus e Bifidobacterium, que podem ajudar a manter a eubiose, tanto oral quanto intestinal.
• Queijos fermentados (gouda, cottage): Produzem uma salivação maior e contêm bactérias que ajudam a neutralizar o pH ácido.
• Vegetais fermentados (chucrute, picles, kimchi): Desde que sejam fermentados naturalmente em água e sal, e não em vinagre, são boas fontes de probióticos que beneficiam todo o trato digestivo.

Odontologia é saúde, e CROOL é longevidade

O verdadeiro segredo da saúde duradoura não está em lutar contra as bactérias, mas em aprender a viver em harmonia com elas. Sua boca é o espelho da sua saúde geral, um termômetro de inflamação e um portal de equilíbrio. Ao cuidar da sua eubiose oral, você está fazendo um investimento direto na prevenção de doenças crônicas, na força do seu sistema imunológico e na qualidade do seu sono.

É tempo de elevar o cuidado bucal a uma prioridade de saúde. O Dr. Frederico Coelho insiste: “A odontologia moderna tem um foco inegociável na saúde sistêmica. Não esperamos o dente quebrar ou a gengiva inflamar. Trabalhamos para que o paciente mantenha a eubiose e elimine os riscos inflamatórios, garantindo uma vida mais longa e plena.”

Se você identificou algum sinal de alerta de disbiose ou deseja entender como a saúde periodontal se encaixa no seu plano de longevidade, agende sua consulta de check-up bucal no CROOL Centro Odontológico. Nossa equipe especializada está pronta para guiar você na jornada para um sorriso equilibrado e um corpo mais saudável. Cuidado odontológico? CROOL, é lógico. Clique aqui e agende sua avaliação.

Fontes: Journal of Personalized Medicine, Nutrients e Frontiers in Microbiology.