Tatuador fazendo uma tatuagem nos dentes de um jovem chinês.

Tatuagem nos dentes: Entenda a tendência chinesa e os riscos de adesivos do TikTok

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A história da humanidade é, em grande parte, a história da modificação corporal. Seja através da tatuagem na pele, piercings ou escarificações, usamos o corpo como um outdoor da nossa identidade, status e crenças. Curiosamente, essa necessidade ancestral de “vestir” a própria narrativa se estende a um dos nossos cartões de visita mais visíveis e funcionais: os dentes.

O noticiário recente nos traz um exemplo fascinante desse fenômeno milenar no século 21. Jovens na China estão viralizando com a tendência da “tatuagem dentária”. Longe das agulhas tradicionais, o procedimento envolve gravar desenhos, ícones culturais e até frases motivacionais como “fique rico” em coroas dentárias feitas sob medida, muitas delas produzidas em impressoras 3D, e então encaixadas sobre os dentes.

Paralelamente, a busca por uma estética ousada e efêmera alimenta a popularidade de adesivos temporários para os dentes no TikTok. No entanto, para garantir a aderência dessas “tatuagens”, muitos usuários são instruídos a evitar a higiene bucal por períodos prolongados, levantando um alerta vermelho gigantesco entre os profissionais de saúde.

Mas, se você pensa que decorar os dentes é uma invenção da Gen Z, prepare-se para uma viagem no tempo.

Das incrustações maias aos grillz

As modificações estéticas nos dentes não são apenas uma moda passageira, são um legado cultural que remonta a civilizações antigas. Os povos maias, por exemplo, eram mestres em adornar o sorriso. Arqueólogos já encontraram evidências de incrustações dentárias em dentes de adultos, e até mesmo em crianças, onde fixavam pedras preciosas como jade, turquesa e obsidiana no esmalte dental.

Para os maias, esse não era um mero capricho estético. As incrustações eram símbolos poderosos de status social, riqueza, poder e conexão espiritual, atuando como marcadores de maturidade e identidade comunitária. A habilidade e precisão para realizar esse tipo de procedimento, com ferramentas rudimentares, impressiona até hoje. É a prova de que o sorriso sempre foi uma tela para as aspirações mais profundas de um povo.

Saltando milhares de anos, a moda da ostentação bucal se manifestou nos dentes de ouro (reminiscência da riqueza e status) e, mais recentemente, no fenômeno global dos grillz, joias removíveis, muitas vezes cravejadas de diamantes, popularizadas por celebridades do hip-hop.

Em todas essas épocas e culturas, a mensagem é a mesma: nossos dentes são uma forma poderosa de expressão e identidade.

O que os dentistas dizem sobre tatuagem nos dentes e outras modas?

Apesar da riqueza histórica e do desejo legítimo de autoexpressão, é fundamental diferenciar uma prática cultural milenar (como as incrustações maias, que tinham técnicas e finalidades específicas) de tendências virais sem supervisão profissional que ameaçam a saúde.

A odontologia moderna é enfática: o dente não é um acessório substituível. É uma estrutura viva e essencial.

Sobre a moda da tatuagem permanente (gravada em coroas dentárias protéticas) na China, a preocupação principal reside na qualidade do material e no procedimento subjacente. Coroas dentárias têm a função de reparar dentes danificados ou perdidos, não para fins puramente estéticos. Para o Dr. Frederico Coelho, fundador do CROOL Centro Odontológico, Mestre e Doutor em Implantodontia, o alerta é sobre a durabilidade e a biocompatibilidade:

“Quando você altera a estrutura de uma coroa protética para gravar um desenho, você pode comprometer sua resistência e integridade. Além disso, o material usado para a gravação ou para a própria coroa, se não for biocompatível e aprovado por agências de saúde, pode gerar reações alérgicas, inflamações na gengiva e, pior, acumular placa bacteriana“, explica Dr. Frederico. “O objetivo primário da odontologia é sempre a saúde e a função.”

Já em relação aos adesivos e “tatuagens temporárias” do TikTok, o risco se concentra na higiene bucal, ou na falta dela. Assim como alertamos sobre as trends, as redes sociais se tornaram um campo fértil para a disseminação de informações de saúde arriscadas e, nesse caso, a recomendação de não escovar os dentes para manter o adesivo no lugar é um verdadeiro convite ao desastre.

O risco da má higienização e do dano irreversível

Quando a escovação é negligenciada, a placa bacteriana se acumula rapidamente. O que começa como uma simples mancha estética pode se transformar em um problema sério:

  1. Cáries aceleradas: A placa é um biofilme que abriga bactérias que consomem restos de comida e produzem ácidos. A ausência da escovação (e a presença de um corpo estranho como um adesivo que dificulta ainda mais a limpeza) cria um ambiente perfeito para a desmineralização do esmalte e a formação de cáries agressivas.
  2. Problemas gengivais (gengivite e periodontite): O acúmulo de placa na margem gengival leva à gengivite (gengiva inflamada, vermelha e sangrando). Se não for tratada, evolui para a periodontite, uma infecção grave que destrói o tecido de suporte dos dentes e pode levar à perda dental.
  3. Desgaste irreversível: No caso de algumas modificações mais invasivas, como aquelas que, no passado, envolviam o desgaste do esmalte para encaixe de joias, o dano é permanente. O esmalte dentário é a camada mais resistente do nosso corpo, mas ele não se regenera. Uma vez perdido, ele deixa o dente vulnerável à sensibilidade, fraturas e cáries.

Para o Dr. Frederico Coelho a mensagem é de responsabilidade: “Qualquer intervenção nos dentes deve ser feita com materiais de qualidade comprovada e sob o olhar de um profissional. Usar a boca como uma ‘tela’ sem o devido cuidado é uma aposta arriscada. O dano estético é o menor dos problemas, o risco de uma infecção ou perda dental por negligência de higiene é real.”

Como se expressar com segurança?

A boa notícia é que o desejo de personalizar o sorriso não precisa ser sinônimo de risco. A odontologia estética evoluiu de tal forma que é possível expressar sua individualidade com segurança, durabilidade e sob o acompanhamento de um especialista. Existem procedimentos minimamente invasivos e totalmente controlados por dentistas:

  • Piercing dental (joia dental): Se você busca um brilho temporário ou semipermanente, o piercing dental é a opção mais segura. A joia (geralmente pequena, de cristal ou metal nobre) é fixada na superfície do dente com uma cola resinosa especial, sem a necessidade de perfurar ou desgastar o esmalte. Além disso, o acessório é instalado e removido em consultório, garantindo que a estrutura dental fique intacta.
  • Lentes de contato e facetas dentais: Para quem deseja transformar o formato, cor ou alinhamento do sorriso, as lentes de contato e facetas (finas lâminas de porcelana ou resina) são a solução ideal. Elas permitem um sorriso totalmente personalizado e harmônico, com desgaste mínimo ou nulo da estrutura dentária, quando bem indicadas.
  • Clareamento dental: É o tratamento estético mais popular e seguro para realçar a cor natural dos dentes, dando um aspecto mais jovial e radiante ao sorriso.

A chave para o sucesso e a segurança em qualquer modificação estética é o acompanhamento profissional. Para o Dr. Frederico, a consulta odontológica é o ponto de partida: “Seja para colocar um simples piercing dental, trocar um grillz ou avaliar a saúde de uma coroa, o dentista é o único que pode garantir que a estética não comprometa a função. Busque sempre uma clínica de confiança que utilize materiais aprovados e que tenha o foco na sua saúde integral”. Cuidado odontológico? CROOL, é lógico. Clique aqui e agende sua avaliação.

Fontes: Correio Braziliense, South China Mornign Post e Journal of Archaeological Science: Reports.

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