Homem sorrindo com tártaro nos dentes.

Tártaro não é só sujeira: risco de infarto e parto prematuro estão ligados à saúde bucal

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Recentemente, o tema da saúde integral tem ganhado destaque em noticiários e redes sociais. Vemos campanhas que ligam a saúde do intestino ao bem-estar mental, e a qualidade do sono à performance física. É um movimento fundamental que nos lembra: o corpo é um sistema conectado. No meio dessa orquestra de órgãos e funções, a boca — muitas vezes subestimada a uma mera entrada para a alimentação e a fala — tem um papel principal, especialmente quando falamos de um inimigo discreto, mas poderoso: o tártaro (ou cálculo dental).

Você já deve ter notado aquela camada amarelada ou marrom que teima em se alojar perto da gengiva ou na parte interna dos dentes frontais. A maioria das pessoas trata o tártaro apenas como um problema estético ou um sinal de “higiene incompleta”. Mas essa rocha mineralizada é, na verdade, um ponto de ancoragem para problemas muito mais sérios, capaz de afetar desde a estabilidade dos seus dentes até a saúde do seu coração.

Para o Dr. Frederico Coelho, fundador do Crool Centro Odontológico e Mestre e Doutor em Implantodontia, a confusão entre placa e tártaro é o primeiro passo para o problema. “As pessoas acham que estão removendo o tártaro com a escovação diária, mas isso é um erro grave. A escova e o fio dental removem apenas a placa bacteriana, que é uma película mole e invisível de restos de comida e bactérias. O tártaro é o estágio avançado, a placa que sofreu um processo de mineralização devido à ação dos minerais presentes na saliva, como o cálcio e o fosfato. É como um concreto que grudou no dente e só pode ser removido por um profissional,” explica.

A calcificação da placa e o nascimento do cálculo dental

Para entender como o tártaro se forma, precisamos voltar ao básico: a placa bacteriana.

A boca é um ecossistema complexo, cheio de bactérias, a maioria delas inofensivas. No entanto, quando nos alimentamos – especialmente com dietas ricas em açúcares e amidos – criamos um banquete para as bactérias patogênicas. Elas se alimentam desses resíduos e, em troca, liberam ácidos que compõem a placa. Se essa placa não for removida pela escovação e uso do fio dental em um período de 24 a 72 horas, ela começa a absorver os minerais da saliva, endurecendo e se transformando no tártaro.

Os fatores que aceleram esse processo, transformando a placa em tártaro, são:

  • Higiene bucal inadequada: É a causa número um. A escovação incompleta, feita sem a técnica correta, e a negligência do fio dental (que limpa 40% da superfície do dente) deixam áreas intocadas, permitindo a calcificação da placa.
  • Dieta rica em açúcares e amidos: Refrigerantes, doces e carboidratos refinados são a “ração” das bactérias. Quanto mais elas comem, mais placa formam.
  • Fatores genéticos e salivares: Sim, a genética pode influenciar. Algumas pessoas têm uma composição salivar com maior concentração de íons de cálcio e fosfato, tornando-as mais propensas a calcificar a placa rapidamente. Problemas de salivação também podem alterar o equilíbrio da boca e favorecer o acúmulo.
  • Tabagismo: O cigarro não só mancha o tártaro, deixando-o com a coloração escura (tártaro preto), como também possui substâncias que tornam a placa bacteriana mais aderente ao dente, acelerando a formação do cálculo.
  • Apinhamento dental e aparelhos ortodônticos: Estruturas que dificultam a limpeza, como dentes muito juntos, restaurações mal adaptadas ou o próprio aparelho fixo, criam nichos perfeitos para a placa se esconder e mineralizar.

Os riscos invisíveis do tártaro à saúde sistêmica

O tártaro é, essencialmente, uma estrutura porosa que funciona como um “condomínio de bactérias”. Ele é um reservatório constante de germes nocivos que ficam em contato direto com a gengiva. É aqui que o problema de saúde bucal se torna um problema de saúde geral.

Riscos na boca: da gengivite à perda do dente

O primeiro estágio da infecção é a gengivite. As bactérias do tártaro inflamam a gengiva, deixando-a vermelha, inchada e com tendência a sangrar, especialmente durante a escovação ou o uso do fio dental. Essa é a fase reversível.

O perigo real começa quando a gengivite evolui para a periodontite. A inflamação avança e passa a atingir os tecidos mais profundos que dão sustentação aos dentes, incluindo o osso alveolar. A periodontite causa:

  1. Retração gengival: A gengiva se afasta do dente, expondo a raiz, o que causa sensibilidade e aumenta o risco de cárie na raiz.
  2. Perda óssea: O osso que suporta o dente é destruído pela inflamação crônica. É o fator que, em estágios avançados, leva à mobilidade dentária e, por fim, à perda do dente.

A conexão corpo-boca: riscos para a saúde orgânica

A gravidade do tártaro vai além da boca. As bactérias presentes no cálculo dental, especialmente na periodontite, podem entrar na corrente sanguínea. É um fenômeno conhecido como bacteremia transitória.

De acordo com o Dr. Frederico, essa migração bacteriana representa um sério risco: “O tártaro é um foco infeccioso que pode desencadear ou agravar doenças sistêmicas. As bactérias da boca e as substâncias inflamatórias que elas liberam já foram associadas a um aumento do risco de problemas cardiovasculares, como o infarto e a endocardite bacteriana, pois podem se alojar nas artérias ou nas válvulas cardíacas.”

Além disso, estudos ligam a doença periodontal avançada a:

  • Diabetes: Complica o controle glicêmico e vice-versa.
  • Problemas pulmonares: A inalação de bactérias da boca pode levar a infecções respiratórias, como a pneumonia, principalmente em pacientes hospitalizados.
  • Complicações na gestação: Em gestantes, a periodontite pode aumentar o risco de parto prematuro e baixo peso do bebê ao nascer.
  • Artrite reumatoide: Há evidências que sugerem uma relação entre as bactérias periodontais e a artrite.

Em suma, ignorar o tártaro é ignorar um centro de inflamação que está em contato constante com o seu corpo inteiro.

O caminho para a identificação e a força da profilaxia

Se sua pergunta é: “Como eu identifico o tártaro?”

Diferente da placa, o tártaro é visível a olho nu, embora nem sempre em casa. Ele tem uma textura mais áspera e uma coloração que varia do amarelo claro (nos estágios iniciais) ao marrom e até o preto (em fumantes ou consumidores de café/chá). Geralmente se localiza na face interna dos dentes inferiores e na parte externa dos molares superiores, regiões onde as glândulas salivares desembocam.

No entanto, o sinal mais perigoso é o que ele causa: gengiva inflamada que sangra com facilidade ou a sensação de que o dente está “solto”. Nesses casos, a periodontite já pode estar em andamento.

A profissionalização da higiene: Por que a profilaxia é a solução?

É fundamental desmistificar a ideia de que a remoção do tártaro pode ser feita com “truques caseiros” ou removedores milagrosos vendidos na internet. O tártaro, por ser mineralizado, não sai com escova, fio dental, carvão ativado ou qualquer produto abrasivo caseiro.

A única solução eficaz e segura é a profilaxia profissional (limpeza dental), realizada em consultório. O procedimento envolve:

  1. Raspagem (ou destartarização): O dentista utiliza instrumentos como curetas e aparelhos de ultrassom odontológico para “quebrar” e remover o tártaro aderido à superfície do dente e abaixo da linha da gengiva (raspagem subgengival).
  2. Polimento: Após a raspagem, os dentes são polidos com pastas especiais e escovas rotatórias, deixando a superfície lisa para dificultar a nova aderência da placa.
  3. Aplicação de flúor: Assim como já falamos por aqui, o flúor fortalece o esmalte, ajudando na prevenção de cáries.

Para o Dr. Frederico Coelho, a profilaxia é o pilar da prevenção e da saúde bucal: “A prevenção não é só escovar os dentes, é a visita regular ao dentista. A profilaxia é o check-up periódico que garante a remoção do tártaro, o diagnóstico precoce de cáries e periodontite, e a manutenção da saúde que vai impactar o seu corpo como um todo. Recomendamos que ela seja feita a cada seis meses, ou em intervalos menores para pacientes com maior predisposição ou doenças preexistentes.”

Seu compromisso diário é a prevenção (e ela começa em casa)

Após a limpeza profissional, a bola volta para você. O melhor caminho para prevenir o tártaro é evitar a formação da placa que o origina:

  • Escovação completa: Pelo menos três vezes ao dia, com atenção especial à técnica correta (sempre com suavidade e movimentos circulares/vibratórios).
  • Fio dental sem falhas: Uso diário, idealmente na última escovação. O tártaro adora se esconder entre os dentes.
  • Cremes dentais antitártaro: Produtos com Pirofosfato de Sódio podem ajudar a inibir a calcificação da placa, mas não removem o tártaro já formado.
  • Dieta consciente: Reduza o consumo de açúcares e bebidas ácidas que desgastam o esmalte.
  • Hidratação: Beber água estimula a salivação, que é um agente de limpeza natural da boca.

Manter um sorriso saudável é, sem dúvida, um investimento na sua saúde geral. O tártaro é um adversário que exige atenção profissional, mas a luta contra ele é travada diariamente na sua casa.

Se você notar o acúmulo de cálculo, não hesite. O Crool Centro Odontológico oferece uma equipe multidisciplinar e tecnologia de ponta para realizar a avaliação completa da sua saúde bucal, o diagnóstico preciso e a remoção eficaz do tártaro, garantindo que você proteja seu sorriso e sua saúde sistêmica com a máxima excelência. Cuidado odontológico? Crool, é lógico. Clique aqui e agende sua avaliação.

Fonte: CRO SP.

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